Os economistas tendem a olhar para os fenómenos de formação de preços e de quantidades de equilíbrio baseando-se unicamente nas leis de oferta e procura. Fundamentam-se essencialmente numa visão centrada no mercado, ou na falta dele, em explicações de cariz mais social e de disponibilidade quantitativa sobre os fenómenos em estudo.

Os agrónomos tendem, perante o mesmo fenómeno, a procurar explicações naturais e de tecnologia que permitam compreender o que de facto se passa no mercado, na quantidade e preço de equilíbrio.

Ambas as visões estão erradas, se forem redutoras. Ambas estarão certas se forem vistas de um modo complementar.

Os economistas, especialmente os economistas agrícolas debatem-se com a explicação do ciclo económico, a par da restrição dos recursos naturais e físicos, os agrónomos procurando explicar a ciência agrícola em muito explicam a produtividade, ou a falta ou melhoria dela.

 

Vejamos perante o gráfico do Mercado mundial do Café (BATES, 1994), que apresentamos acima:

Comentário de Economista

“A subida mundial dos preços de café deve-se às leis da oferta e da procura. Houve claramente um choque sobre este mercado.”

Mas que choque? Que mercado?

 

Comentário de Agrónomo

“ A subida mundial dos preços do café deve-se a um fenómeno natural. A quebra de produção deveu-se à restrição causada pelas más colheitas do café, causadas pelas intempéries.”

 

Ambos estão certos. Mas ambos beneficiamos dessas duas visões. Este fórum procura essa discussão enriquecedora.

Miguel Rocha de Sousa, economista.