A nogueira é uma cultura importante em regiões temperadas que, tal como outras culturas perenes, tem especificidades no que toca à adaptação a condições de variabilidade no ambiente em que é cultivada. Se a adaptação a condições de stress hídrico é uma constante no melhoramento das culturas, o desafio colocado pelas alterações climáticas vem engrandecer e tornar mais urgente o trabalho dos melhoradores. O deficit hídrico é um dos principais factores que limitam a produtividade das nogueiras em todo o mundo, principalmente por esta cultura ser comum em regiões áridas e semi-áridas – de facto, a planta é originária da região da Pérsia e por essa razão será nesta região que se espera encontrar maior diversidade genética.
Num projecto de melhoramento baseado nas Universidades da Califórnia-Davis e de Teerão, foi recolhido material genético de 95 plantas-mãe de diferentes regiões do Irão, que abrangem diferentes climas, solos e topografias. Foram recolhidas sementes de todas as plantas, que originaram um novo pomar (em vasos em estufa), distribuídas de forma aleatória um ano após emergência das sementes. As plantas originadas foram estudadas durante os dois anos de estudo fenotípico em que eram regadas de forma a manter o solo sempre húmido. Já para os ensaios de stress hídrico, plantas com dois anos foram tendo a rega espaçada até ser corada por um período de 14 dias.
Para a descrição dos diferentes fenótipos, foram recolhidos dados de imagem das folhas, composição de isótopos de carbono e azoto das folhas em condições normais e de stress, dados geográficos de cada origem de plantas-mãe. Foi também feita a extracção de ADN para análise de polimorfismos no genoma de cada planta (marcadores SNP). Os dados de geografia, genoma e fenótipo foram cruzados e analisados em busca de correlações estatísticas que expliquem diversidade na tolerância a condições de seca.
Duas regiões no Irão parecem ser aquelas que, devido às condições climáticas mais áridas, são uma boa origem de plantas adaptadas ao stress hídrico. As plantas destas regiões, Yazd e Kerman, serão bons recursos para programas de melhoramento.
No geral, vale mesmo a pena analisar com tempo este artigo, pois a complexidade do estudo traz muitas mais conclusões e informações que poderão servir para o melhoramento e obtenção de variedades tolerantes a condições de seca. A complexidade das interacções entre os vários genes que intervêm na tolerância a stress hídrico é grande. Em geral, foram identificados genes que controlam o ácido abscísico e a abertura dos estomas, como candidatos para uma caracterização mais detalhada.
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