Afídios, mosquinhas brancas e psilas são pragas e vectores de doenças, pertencentes à ordem Hemiptera, capazes de causar avultados estragos nas culturas. A sua forma de alimentação, sugando as plantas, permite a introdução de organismos patogénicos dentro da própria planta. Permite também agir de forma dirigida a estas pragas, através de meios de luta transportados no sistema vascular do seu hospedeiro.
Um grupo de investigação brasileiro, pertencente à Embrapa (neste caso a divisão mandioca e fruticultura) está a desenvolver formas de atacar de forma muito dirigida este tipo de pragas. No artigo que divulgamos esta semana, trata-se de uma praga dos citrinos, por sua vez vector de uma bactéria patogénica.
A estratégia de luta passa pela replicação de um processo natural de regulação dos genes, útil para proteger as células tanto de plantas como de animais de ataques de vírus. Trata-se do RNA de interferência, que é um mecanismo que se dirige a sequências específicas dos genes e que impede que sejam transcritas. Foi demonstrado que a ingestão deste tipo de moléculas (dsRNA) por animais tem o mesmo efeito de silenciar genes. E, consoante a importância do gene silenciado, pode levar até à morte do animal que a ingere, tornando-se numa ideia muito apetecível para desenvolver estratégias de controlo de pragas e doenças, criando pesticidas à medida, altamente específicos e com um mínimo de efeitos colaterais.
O primeiro passo da estratégia será então identificar os genes alvo que se querem silenciar, cuja falta levará à morte do inimigo das culturas. O segundo passo é o desenvolvimento de uma forma de introduzir o dsRNA no alvo. Neste caso, plantas geneticamente modificadas podem ser a solução mais óbvia para culturas arvenses, mas noutras culturas a aplicação tópica, como se doutro fitofármaco se tratasse, será mais expedita. Em pragas que mastigam as partes aéreas da planta, a aplicação por pulverização poderá ser eficiente, mas em sugadores será mais eficaz a aplicação através da rega, entrando pelas raízes no sistema vascular.
Na experiência citada, os investigadores inseriram cortes de rebentos numa solução contendo sequências de dsRNA referentes a arginina cinase e introduziram as psilas, para que se alimentassem das plantas. Mais tarde foram realizadas análises para verificar se os fragmentos de dsRNA teriam sido ingeridos pelos insectos, o que se verificou. De facto, 6 dias após o início da ingestão começaram a observar a mortalidade, até ao 14º dia.
Os investigadores notam que em sugadores, é difícil estabelecer a dose a aplicar, pois a distribuição do produto pela planta pode não ser necessariamente homogéneo, concentrando-se mais nuns tecidos do que noutros e nem sempre nos tecidos dos quais a praga a atingir se alimenta.
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