A preservação da matéria orgânica do solo é um ponto indiscutível das boas práticas agrícolas, tanto pela sua importância na estabilidade dos agregados e fertilidade do solo em geral, como pelos serviços ambientais de sequestro de carbono, cada vez mais pertinentes.

As práticas de agricultura de conservação do solo estão bem estudadas na sua relação com a redução de emissões de gases de estufa. No entanto, os efeitos estão dependentes das características diversas de solo para solo, clima, regimes de precipitação, irrigação, escolha das variedades mais adequadas, entre outros.

A agricultura de precisão, através da recolha de informação sobre as condições das explorações permite estimar modelos de simulação para entender melhor a evolução dos solos de acordo com as características de cada local. Diversos estudos têm sido desenvolvidos nesta área, esta semana divulgamos os resultados de um estudo de médio prazo dos impactos da agricultura de conservação realizado em Itália.

Os ensaios foram realizados na estação experimental de Vallevecchia, na região  de Veneto, em cambisolos. Nesta região existem alguns problemas de salinidade, dado se localizar abaixo o nível do mar.

Foram realizados ensaios com mobilização convencional, mobilização mínima e não-mobilização. As culturas seguiram uma rotação trigo-canola-milho-soja. Nos sistemas de conservação do solo combinaram ainda o uso de tecnologias de agricultura de precisão, que incluíram tratamentos a taxas variáveis consoante as necessidades das culturas, e sistemas de navegação. Através de análises ao solo foi possível definir de acordo com o seu potencial produtivo, para as quais foram ajustadas as densidades de sementeira e necessidades de fertilização, através de modelos matemáticos.

O sistema de mobilização convencional sem agricultura de precisão serviu de tratamento controlo com o qual foram comparados os restantes resultados dos ensaios.

Os investigadores contabilizaram nos seus resultados não só a produtividade de cada tratamento e a evolução do carbono no solo como também a eficiência em termos de gestão da exploração, isto, no consumo de combustíveis e fertilizantes, cujo impacto nas contas de cultura é directo, para além do impacto ambiental.

Os modelos de simulação permitiram prever a evolução do carbono do solo num período de 15 anos. Os resultados apontam para uma tendência geral de perda de carbono orgânico nas camadas superficiais do solo, independentemente do tipo de mobilização. Mas os procedimentos de agricultura de conservação combinada com agricultura de precisão tiveram influência em menores emissões de CO2, tanto pela redução das perdas do solo, como pela redução do consumo de combustíveis fósseis devido à optimização das operações e dos equipamentos.

No total dos ensaios, concluíram que não-mobilização combinada com agricultura de precisão permitiu reduzir as emissões de carbono em 56% comparadas com mobilização convencional. Tal traduziu-se numa redução de 54% de CO2 para produzir uma tonelada. Quanto ás perdas de carbono orgânico do solo, foram reduzidas em 63% no sistema não-mobilização + agricultura de precisão.

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